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quarta-feira, 2 de março de 2011

Análise sociológica do Tempo


Por Wesley Tavares


Olá! Será que posso ter um minuto da sua atenção? Quero falar de uma coisa corriqueira em nossas vidas e que poucas pessoas dão importância. Você já se deu conta de todas as atividades que fez hoje? Sabe o quanto do seu valioso tempo, gastou para realizá-las? Bem, é disso que vamos tratar aqui, O Tempo. Esse rico e pouco valorizado bem, dita nossos dias, épocas, estações, vidas e tudo o que percebemos ao nosso redor. Hoje, é comum encontrar pessoas apressadas, estressadas, sem tempo para o tradicional cafezinho, tudo devido às demandas de um mundo moderno, onde “tempo é dinheiro”, e a cada minuto parado, os prejuízos são calculados. Podemos notar como é impactante a falta de tempo, quando paramos para observar o comportamento de uma instituição que é base fundamental para a maioria dos seres humanos, a família. Nossas crianças já não são mais as mesmas, isso é fato, mas muitos estudiosos atribuem essas mudanças aos anseios da globalização, ao capitalismo selvagem, que “rouba” seus pais por um determinado período, várias horas na semana, vários dias no mês, o que não deixa de ser verdade. Podemos considerar luxo, o tempo que passamos ao lado dos nossos entes queridos, pois esse instante sublime, ainda não nos foi privado. Quer ver o quanto do seu tempo é perdido durante uma semana? Pare agora e pense quantas horas por dia você disponibiliza para ficar ao lado de quem gosta? Quantas horas desse mesmo dia são reservadas para as atividades físicas? E mais, quantas horas ou minutos, já que estamos falando do tempo sem medi-lo, é disponibilizado para parar, pensar, contemplar o ambiente, ler um livro, mandar um email, ver os amigos e dormir? Se você consegue fazer metade dessas atividades em um só dia, parabéns! Sua vida é bem vivida. Alguém um dia inventou o relógio, o “aprisionador” do nosso tempo. Uns dizem que foram os egípcios, que marcavam suas rotinas com as ampulhetas, outros dizem que o mesmo surgiu há 600 a.C. na Judéia, os relógios de água. Não sei ao certo, mas o que percebo é que essa preocupação em marcar os períodos dos dias, trouxe benefícios e preocupações para a humanidade. Muitas pessoas, só se dão conta do tempo, quando não há mais tempo, quando suas vidas já não são vividas, o que é uma pena. Acho que deveria ter uma disciplina obrigatória na escola, que nos ensinasse desde pequenos a valorizar nosso tempo, e com isso tenho certeza que o mundo seria outro. Teria pessoas mais humanas, mais famílias reunidas à mesa na hora do jantar, menos jovens nas ruas e mais relacionamentos duradouros. Em alguns países de vários continentes, como a Espanha, a Itália e a Grécia, o tempo é bastante valorizado. São em sua maioria, países ditos de primeiro mundo, que adotam o hábito de parar suas atividades após o almoço, a chamada "sesta", para que as pessoas possam dormir (tirar aquela soneca), assim retornando com mais disposição para o trabalho. Na Itália, por exemplo, mais precisamente em pequenas cidades do interior ou litoral, seus moradores têm uma média de vida bastante elevada, se comparado com o resto do mundo, pessoas vivem mais de cem anos facilmente, pois o tempo é respeitado e contemplado. O ritmo de vida é lento, sem a pressão de indústrias, grandes corporações e empresas que só visam o lucro, e não esboça respeito nenhum ao indivíduo. E é relatando estes fatos, que espero conseguir pelo menos uma breve reflexão, visto quê, o que está em jogo são nossas vidas, nosso tesouro, nosso direito de aproveitar cada momento, pois estes estão sendo sugados aos poucos pela modernidade, que veste a máscara da luxúria, e cobre-se das ambições e cobranças demasiadas. Hoje a palavra de ordem no mundo corporativo, é meta. Mas porque não cumprir a meta de visitas aos parentes distantes? E as metas estabelecidas por nossos filhos, essas também não merecem ser cumpridas? Garanto que essas metas são mais prazerosas de serem batidas, e faz um bem danado ao coração. Já faz alguns dias que estava querendo escrever este texto, só não encontrava tempo, e isso me incomodou demais; é por isso que temos de nos permitir acesso ao tempo; devemos ir mais ao cinema, temos que fazer reuniões familiares com mais frequência, necessitamos de sair com os amigos, ansiamos acordar cedo para caminhar, e assim aproveitar o sol ou a chuva, porque não? São ações simples que fazem toda a diferença em nosso dia a dia. Por conta disto vai uma dica: viva sua vida, aproveite cada momento, o tempo é nosso e só nós sabemos o que fazer com ele, e pensar é uma das melhores maneiras de valorizar o tempo.


Wesley Tavares é estudante de Ciências Sociais na Universidade Estadual de Santa Cruz e bolsista Capes para o programa PIBID/Sociologia no Ensino Médio

Acessibilidade em Itabuna e Ilhéus


Por Edson Alves


Resolvi escrever aqui sobre um assunto que todos os dias aparece estampado nos meios de comunicação do país, a “acessibilidade”. Escrever sobre um assunto que não se tem muito conhecimento é muito difícil, pois é, sem entendimento sim, sem conhecimento, porque poucos de nós que em nosso dia a dia andamos por aí e ainda, sobe e desce qualquer ladeira,rampa,escadas e etc... com a maior tranqüilidade não tem idéia do que seja uma dificuldade enfrentada por uma pessoa que está com a sua acessibilidade barrada, principalmente por falta de políticas públicas por parte dos nossos governantes.
Resolvi escrever aqui sobre tal assunto pelo fato de um grande amigo está passando por um problema que aflige a vida de milhões de pessoas no Brasil e no mundo, mas que devemos ter um olhar mais crítico quando se diz respeito à nossa região e sobre tudo as cidades de Ilhéus e Itabuna no Sul da Bahia, essas cidades não dar o direito de ir e vir dos seus filhos e também dos seus visitantes.
Em Ilhéus, por exemplo: dificilmente uma pessoa que esteja em uma cadeira de rodas encontrará uma rampa de acesso e quando encontram existem obstáculos, como é o caso de uma lanchonete em Ilhéus que possui uma rampa de acesso,mas que logo a frente da rampa está um balcão que impede a entrada dos cadeirantes.
Outro entrave na vida das pessoas que utilizam cadeira de rodas são os elevadores dos ônibus, muitas vezes os próprios funcionários não sabem manusear os equipamentos e deixando muitos passageiros indignados, além dos próprios usuários que dependem desse tipo de serviço para locomoverem-se, é preciso que estas empresas estejam mais preparadas para prestar um serviço tão útil à vida de milhares de pessoas que se encontram ou visitam as nossas cidades.
Por fim, o que devemos entender é que a acessibilidade deve ser assegurada a todos nós e com maior eficiência para aqueles que mais precisam, é uma vergonha que em pleno século XXI ainda estejamos tão atrasados em relação a uma coisa que teria que ser tão natural a todos.


Edson Alves é estudante de Ciências Sociais na Universidade Estadual de Santa Cruz e Coordenador do Centro Acadêmico do Curso.

terça-feira, 1 de março de 2011

Questão de gosto não se discute!


Por W. Ferreira


Certa noite o sono insistia em não vir. E como de costume, todas as vezes que o sono custa a vir, ponho-me a pensar e a elucubrar sobre os mais diversos assuntos. Nesta madrugada, em especial, pus-me a refletir sobre algo, tão inerente a mim mesmo, que suponho ter encontrado uma resposta satisfatória para um dilema antigo... ou não.
Em meio a um momento onde os meios de comunicação cospem casos e mais casos de violência contra homossexuais, passei horas pensando sobre a própria origem ou essência da homossexualidade, para a partir daí entender qual o motivo de tanta violência. E quer saber?! Não encontrei resposta alguma. Isto mesmo. A grande resposta é que não há resposta. Homossexualidade é gosto. O leitor, por exemplo, sabe porque prefere rosa, ou azul, ao invés de vermelho?! Ou sabe porque prefere maçã, ou laranja, ao invés de melancia?!
Pois é, homens que gostam de homens(ou mulheres que gostam de mulheres) também não sabem porque gostam de pessoas do mesmo sexo. A solução pra esse conflito é antiga, todos estamos cansados de ouvir que: ''Gosto não se discute''. Imagine se todas as pessoas que gostam de verde fossem espancadas por isso, pois essa é a lógica da homofobia: violência contra quem gosta diferente de mim.
Não estou querendo comparar pessoas à coisas, quis apenas um texto bastante simples, porque parece que falar que duas pessoas do mesmo sexo que se amam precisam ser respeitadas não tem funcionado muito.
Esqueçam os rótulos, lembrem-se das pessoas. Que cada um envolva-se com seus problemas e dilemas pessoais ao invés de ficar prestando atenção ou reclamando porque fulano namora, casa, ou vai pra cama com ciclano.
Termino minha reflexão, e um pouco do que quero dizer, por aqui. É um desabafo e ao mesmo tempo uma contribuição, porque ainda acredito que o mundo em que vivo pode ser diferente e acima de tudo respeitar as diferenças.


Wesley Ferreira é estudante de Ciências Sociais da Universidade Estadual de Santa Cruz e compõe a Coordenação de Comunicação do Centro Acadêmico do curso.

Isso foi um delírio!

Por Nádia Aguiar

Equador, Tunísia, Egito. Lutando contra alguma das várias explorações que sofrem. "E chegará o dia que o homem não se deixará ser explorado pelo próprio homem". É né...mas no Brasil não é assim...Lá, multidões reunidas, resistindo, afinal de contas "O povo não deve temer seu governo. É o governo que deve temer seu povo." É..mas no Brasil é diferente...não consigo me lembrar de uma manifestação tão coesa em relação aos professores do ensino público...Mas me lembro de uma camisa que alguns garis, em protesto, usavam no Espírito Santo, "Mais respeito, não somos professores." Talvez não tenha sido assim também... Mas também, o que se esperar? Os "heróis", aqui no Brasil, estão todos confinados. Como é que eles podem nos ajudar? Os egípcios resistiram, estava faltando água, comida, dinheiro...Mas eu não posso reclamar contra o professor arbitrário, autoritário , que não sabe ensinar porque senão eu tiro notas baixas...Fico marcado sabe como é? No Equador pessoas indo nas ruas e não se deixando levar pelas mentiras midiáticas. Odeio esses sem-terras. Adoro horário político, tem sempre uma musiquinha nova que posso parodiar com letras obscenas, tipo a eleição do Tiririca. No Egito...lutando contra uma ditadura de quase 3 décadas...Queria saber contar pra saber a quanto tempo a Familia Sarney está no poder, ou lembrar como o Collor conseguiu voltar. É realmente aqui é diferente...
Mas tudo isso não passou de um delírio! Será? Acho que mais uma vez ela, a história, nos contará.

* O texto foi pequeno e sem imagem, porque estamos passando por cortes no governo.

Nádia Aguiar é blogueira, estudante de Ciências Sociais na Universidade Estadual de Santa Cruz e de Mestrado em Antropologia na Universidade Federal de Santa Catarina

Odeio pedido de desculpas!



Por Maik Oliveira

Nos últimos tempos assistimos a banalização do pedido de desculpas, pede-se desculpas por tudo e por todas as ofensas o pedido de desculpas é a moeda que paga pela reconciliação, pela complacência, a chave do voltar a ficar bem.

Não digo que pedir desculpas esteja tão demodê, o que não concordo é com a mercantilização desse ato, sim, mercantilização, porque a coisa é feita de tal modo, que as pessoas imaginam que podem arriscar a ofender, prejudicar ou mesmo machucar alguém em troca de algo, mas se a vítima ficar muito chateada basta um pedido de desculpas e tudo fica bem.

No início desse ano, assistimos horrorizados corpos de pessoas descendo ribanceiras abaixo nas enxentes do Rio de janeiro, ao fim do massacre natural (natural?) foram contabilizados quase mil mortos fora os que estão desaparecidos e o governo que deveria agir na prevenção, pois esta é a sua prerrogativa, ofereceu dinheiro e um pedido de desculpas para as famílias enlutadas, vítimas da sua inércia.

Em São Paulo, jovens gays foram massacrados, humilhados e esbofeteados na rua por um bando de "sem que fazer", a moeda de troca que as vítimas receberam foi uma mãe afirmando que não criou os filhos para aquilo (será?) e com essa afirmação veio embrulhado um pedidozinho de desculpas.

A igreja católica depois de mais de 50 anos do genocídio praticado contra os judeus em que ela silenciou-se covardemente e completamente, virando as costas, tapando os ouvidos e fechando os olhos enquanto milhares de inocentes eram exterminados brutalmente nos campos de concentração, resolveu recentemente através do papa Bento XVI, que a melhor moeda a oferecer para a humanidade era um "formal pedido de desculpas" e nada mais.

Mas pergunto: um simples pedido de desculpas restitui as perdas das vítimas? Será que as familias cariocas que perderam filhos, mães, pais, avós, netos de forma tão brutal ficaram satisfeitos com o dinheirinho e o pedidozinho de desculpas governamentais? E as suas perdas? Seus prejuízos materiais e emocionais?

E os rapazes vítimas da covarde homofobia em São Paulo, como eles estão se sentindo com o pedido de desculpas da mãe de um dos agressores? E as marcas que ficaram na pele, nos rostos e principalmente na mente das vítimas, quem as absorve?

Como a igreja católica pode reaver tudo que os judeus sofreram nos campos de concentração nazistas, as criancinhas famintas que eram enganadas com pedaços de chocolate até encontrarem uma bala de fuzil na cabeça? Os idosos que morreram de inanição e maus tratos nos campos de concentração? Como a igreja católica pode devolver honra, dignidade, paz, cura mental para os milhares de órfãos judeus com um simples pedidozinho de desculpas?

Aos que pedem desculpas só há algo a fazer, virar as costas e se sentirem o máximo porque conseguiram se retratar diante do que fez e com quem fez, depois disso sentem-se aliviados e ainda tem a cara de pau de pensar: "fiz a minha parte, se ele não perdoar o problema é dele não é mais meu". Os cristãos dizem "ofereça a outra face" mas vai lá na igreja e meta a mão no dízimo? Ou seja um membro da igreja e faça algo que contraria suas doutrinas! você é imediatamente banido do "rebanho" sem chances de se explicar e mais do que isso, eles te estigmatizam, bandido uma vez, bandido para sempre! (sem generalizações, é claro!).

Para as vítimas o que fica é a dor, as marcas, as cicatrizes que em muitos casos nem o tempo consegue apagar.

Sabe o que penso? Muito melhor do que pedir desculpas é nunca precisar fazê-lo. Tá! eu sei! isso soa meio que utópico numa humaninade falível, passível de erros, claro, todos nós erramos, todos cometemos deslizes, e eu como um pobre mortal me incluo de corpo e alma entre esses errantes, claro que precisamos pedir desculpas sempre que vitimamos alguém com nosso modo de ser e viver, mas cai muito bem quando as pessoas vivem de tal modo que pedir desculpas não se torna uma banalidade em suas vidas e sim algo de uma importância profunda, um aprendizado para jamais voltar a fazer o que gerou a necessidade de pedir desculpas.

Está mais do que no tempo, em uma sociedade organizada, capacitada, educada, de começarmos a rever nossos atos, a maneira como interagimos com as pessoas, respeitando suas limitações, suas escolhas, suas opiniões, lançando mão de conhecimentos que hoje dispomos para diminuir sensivelmente a necessidade de estarmos constantemente abrindo a boca para dizer: "me desculpe por favor".

Explicando o título desse post, odeio sim o pedido de desculpas, quando este claramente podia ser evitado, mas aceito o pedido de desculpas sincero e de fácil compreensão.

Maik Oliveira é designer, blogueiro (www.blogdomaikoliveira.blogspot.com) e estudante de Ciências Sociais na Universidade Estadual de Santa Cruz

Da social democracia ou o extremismo "sócio capitalista"


Por Humberto Rodrigo

O mundo, isso desde tempos do pós-guerra, foi polarizado entre uma metade capitalista e outra metade socialista, como se essa dicotomia fosse a única forma de se reger uma nação sócio-economicamente. Ortodoxos de ambos os lados pregam a supremacia do seu modelo e, mais que isso, a fatalidade da decadência do seu antagônico. Não vejo utilidade alguma nessa guerra que apenas gera uma segmentação burra do mundo. Como diria Jack, o Estripador: “vamos por partes”.
O socialismo é, para uma gama da sociedade, o modelo de vida mais justo que possibilitaria à todos um mesmo padrão de vida. Discordo veementemente disso. Grosso modo a idéia básica do sistema socialista é manter uma igualdade de classes. Na verdade, se há uma “igualdade de classes” então não existem mais classes, há uma supressão dessas, mas essa não é a questão, o fato é: se o socialismo pretendia criar uma classe única, então parabéns: ele conseguiu. Pois, incrivelmente, em todos os países em que se adotou o modelo socialista se viu o mesmo fenômeno: o surgimento de um ditador e uma classe única: uma classe de miseráveis. Então palmas, de fato eles cumpriram com a proposta, afinal se a idéia era que todos vivessem no mesmo padrão, essa idéia foi atingida. Não me venham pra cá falar que se isso se deu foi por conta de que os ditadores que assumiram o poder não entenderam o que Marx queria falar, por que isso me soa como hipocrisia e por dois motivos: 1º- Se eles não entenderam o que Marx falou, é uma coincidência muito grande que em 100% dos países que adotaram o modelo socialista/comunista, tenha acontecido rigorosamente a mesma fórmula: golpe de estado; surgimento de uma figura forte no poder; classe de miseráveis e 2º- Ainda, que vocês insistam em admitir a idéia da “coincidência”, há de se lembrar que, lendo a bibliografia inteira de Marx, em momento algum ele fala o que deve ser feito nos pós-revolução. O pensamento dele se “limita” até a revolução. E mais, na "bíblia" de todo pretenso comunista (O Manifesto Comunista), ele diz explicitamente que é necessário se instaurar a “ditadura do proletariado”. Propositalmente, não postarei aqui página (apesar de estar com ela em mãos), pois você, meu caro leitor comunista, tem obrigação de saber a bíblia de cor. Então temos o seguinte cenário: 1- Toda vez que o comunismo se instaurou, houve uma classe única: uma classe de miseráveis; 2- Em, rigorosamente todos os casos, foi um ditador quem assumiu o poder; e 3- O próprio Marx admitia a necessidade de se instaurar uma ditadura do proletariado. E então, será mera coincidência, mesmo, ou será que é algo superior a uma simples confluência dos fatos?
A crítica que se faz aqui, não é a Karl Marx. Este foi genial na sua observância da sociedade, na elaboração do conceito de mais-valia e ao demonstrar como a burguesia se fez burguesia: pela exploração do capital e, mais que isso, pela exploração do homem. O que se critica aqui é o que se tem feito sob o codinome “socialismo”. O que se vê é um sistema que vil que cria trabalhadores técnicos, mecanizados, até; um “socialismo selvagem” que mata o que o homem tem de essencial: o direito de sonhar. Durante toda a história, o que moveu o ser humano foi o desejo de alcançar o algo mais, o socialismo não permite. Caro leitor comunista, não quero perder a sua fidelidade (sem trocadilhos), mas se você me diz que não era o intento de Marx, criar um “socialismo selvagem” eu também vos digo que não era intenção de Weber, ao defender a racionalização do capital (A Ética Protestante e O Espírito do Capitalismo), criar o monstro chamado “capitalismo selvagem” e, no entanto, é assim que o capitalismo é visto. E por falar em FIDELidade, é comum suscitarem o exemplo de Cuba, que é um lugar onde a medicina é muito desenvolvida (mas que adianta uma medicina mega desenvolvida se mais da metade da população não tem acesso à rede de esgoto?) e que não se vê ninguém reclamando ou fazendo piquete por conta do sistema de governo, sequer à noite. Mas é óbvio que não se vê: o Estado forte coíbe e retalia qualquer ação nesse sentido, afora o toque de recolher que é imposto à população, então, por favor, sejamos razoáveis ao citar o exemplo cubano.
Pelo outro lado, temos um sistema que necessita de consumismo exacerbado, que para subsistir precisa que haja pessoas pobres. O capitalismo existe na medida em que um detém um montante considerável de capital, enquanto vários não possuem nada. Assim sendo, pouca oferta e muita demanda, o empregador geralmente oferece as mínimas condições necessárias ao empregado, este que tem que se submeter às condições impostas pelo seu chefe, porque ele sem o emprego é um desempregado, o empresário sem ele é um empresário sem ele, e só. De meados século XVIII até meados do século do XX (a quem diga que até hoje, não discordo) viu-se uma exploração descabível por parte dos empregadores, sobre os operários: jornadas de trabalho de até 14h; grávidas trabalhando por 12h seguidas; crianças se embrenhados entre os teares e todo e qualquer esboço de revolta era suprimido com o terrorismo psicológico da demissão. Mas não é necessário viajarmos ao passado para ver as situações inóspitas proposta por esse sistema que se julga democrático. O neoliberalismo que prega que o homem é responsável pelo seu destino, não leva em conta todo o contexto histórico que este cidadão está inserido. Esse discurso busca legitimar as disparidades entre as classes: se o filho do advogado se tornou médico, não é porque ele é da elite financeira, foi por que ele se dedicou, estudou e logrou êxito; pelo outro lado, se o filho do gari se tornou pedreiro, foi por que ele não quis conta com os estudos, se ele quisesse teria chegado ao mesmo lugar que o “Albuquerque” ou o “Damasceno”. É este o sistema que se diz democrático, que dá as mesmas oportunidades à todos.
Como já citei à cima, ao propor (na verdade ao expor) e defender a racionalização do capital Max Weber não estava tentando criar um monstro – até porquê à época, o capitalismo já estava mais que consolidado – e sim, mostrar como o “Espírito do Capitalismo” – que seria uma ação revestida de moral – poderia otimizar o desenvolvimento deste. No entanto, assim como a confusão que, supostamente, fizeram com Marx, também houve com Weber: muitos dos que o leram interpretou que o “espírito do capitalismo” era a propensão desenfreada ao ganho. E nessa propensão cabia qualquer ação que visasse o lucro. O que vemos hoje no mundo capitalista (todo o globo?) é um consumo desenfreado dos recursos naturais, como a maioria desses recursos são finitos, guerras têm sido desencadeadas (e isso não é teoria da conspiração) em nome do padrão de consumo. Vou citar para vocês um paradoxo: no pós-guerra tínhamos uma Berlim recortada entre franceses, ingleses, estado-unidenses e soviéticos. Mas de fato havia apenas duas Belim: a Ocidental (EUA) e a Oriental (URSS), sendo que elas eram divididas por um muro. O lado Ocidental dizia a quem estava do outro lado: “Venham. Aqui se tem de tudo, aqui cabem todos.” Engraçado, hoje na fronteira entre México e Estados Unidos também há um muro, só que o discurso é diferente. O que se diz do lado estado-unidense, hoje, é: “Não queremos vocês aqui. Não há espaço.”. Interessante isso, não acham?
Enquanto um vem com a proposta de uma classe única (e de fato cumpre: surge uma classe de miseráveis) o outro vem com a idéia de igualdade de oportunidades (vimos como ela se dá). Mas o fato é que nenhum dos dois cumpre satisfatoriamente com o que promete. Haveria solução, um programa que suprisse as necessidades básicas do ser humano, sem com isso matar-lhe o direito de sonhar? Sim, ele existe e “apelidado” de Social Democracia. A Social Democracia, ou política do bem estar social, é um sistema de governo (se assim o posso chamar) essencialmente capitalista que, no entanto, traz fundamentos do socialismo na sua estrutura. Mas devo alerta-lhe que está assaz enganado, fiel leitor (?), se achares que a política do bem estar social pode ser reduzida na equação: SOCIAL DEMOCRACIA= CAPITALISMO + SOCIALISMO/2 .A Social Democracia é bem mais que isso, e não pode ser reduzida a uma equação matemática, pois é um “ser de natureza própria”. Como eu disse, é uma forma de se fazer política que, hoje, está ligada intimamente ao capitalismo (apesar de seu nascimento por marxistas), pois suas relações comerciais se dão levando em conta a estrutura capitalista, no entanto, não temos aqui a selvageria freqüentemente atribuída a ele. As leis trabalhistas são respeitadas e, mais que isso, são fomentadas de modo a auxiliarem o trabalhador, por entenderem que este é “mais fraco” que o empregador. E, de fato, há países em que esse modelo foi implantado? Sim, eles existem. São países onde se chega ao absurdo de se pagar uma carga tributária de 80% em impostos, mas que se paga essa carga com a certeza de que o bem que virá em retorno para a comunidade em geral compensará. Logo o peso da carga de 80% é logo aliviado pelo retorno garantindo. As empresas têm prédios anexos, onde funcionam creches, clubes e cursos de capacitação profissional. Esses países, não á toa, encabeçam os Rankings de desenvolvimento: Suécia, Dinamarca e Finlândia, são os gigantes na área de inovação e de abraçar as novas tecnologias. Ranking do IDH em 2010: Noruega 1º; Suécia 7º, Finlândia 12º. Ranking da educação em 2010: Noruega 1º. São dados de domínio público, que todos podem ter acesso. Por essas e por outras sou um social democrata convicto.

Humberto Rodrigo
é blogueiro (www.panopticosocial.blogspot.com) e estudante de Ciências Sociais na Universidade Estadual de Santa Cruz

Reflexões sociológicas sobre dilemas da sociedade moderna

Por Débora Santos

Estava um dia desses refletindo sobre a nossa sociedade e de como esta vem sofrendo com as injustiças e descaso dos poderes públicos.
Ao ver na mídia noticias que nos deixam estarrecidos como o caso do delegado que agrediu um deficiente físico por causa de uma vaga no estacionamento. Vaga esta que era destinada aos deficientes, em cuja, o delegado resolveu estacionar, segundo ele, por estar com pressa. Há ainda o caso de policiais que usam arbitrariamente do poder concedido como autoridade militar e espancam cidadãos de bem, ou até mesmo aqueles considerados delinqüentes, o que não justifica a violência no exercício da profissão muito menos o excesso da mesma.
Ficamos a imaginar até aonde vão chegar às injustiças sociais? Pessoas morrendo nos corredores dos hospitais por falta de atendimento médico, aguardando vagas em UTIS ou no centro de hemodiálise como ocorreu está semana; doentes que não conseguem aposentadoria porque o médico do INSS as considera aptas para o trabalho. O descaso com o ser humano e suas necessidades básicas de sobrevivência é latente.
Analisando estes assuntos à luz do bom e velho Émile Durkheim creio que ele diria que esta faltando no Estado e por conseguinte nas pessoas, na sociedade, a moral e a ordem. Em sua obra Lições de Sociologia (p.97), o autor diz que cabe ao Estado chamar progressivamente o indivíduo a existência moral. Estão estes profissionais pondo em pratica a moral no exercício de sua profissão? Quando vemos atitudes como estas citadas acima de abuso de poder, descumprimento da Constituição que confere direitos de saúde igualitária para todos os cidadãos, etc, etc...Só discurso, colocar em pratica o discurso, a moral, quase nunca.
A sociedade precisa se interessar mais, denunciar, cobrar, sair do comodismo, de achar que não tem jeito, que “pobre tem mesmo é que sofrer”, deve lutar, reivindicar seus direitos, exercer sua cidadania. Durkheim fala na mesma obra já citada (p.09) : “ Só há uma força moral, e por conseguinte comum, que é superior ao indivíduo e pode legitimamente constituir sua lei, é a força coletiva. Precisamos nos organizar coletivamente como cidadãos e lutarmos por nossos direitos já há muito adquiridos.


Débora Santos é comerciante em Ilhéus e estudante de Ciências Sociais na Universidade Estadual de Santa Cruz

O Concurso de textos começa hoje!

Olá galera, hoje colocaremos em prática a ideia de premiar o texto mais lido e mais comentado do bimestre, os colegas que enviaram textos foram Nádia, Wesley Ferreira, Débora, Maik, e estamos aguardando André e Humberto.
São textos com temáticas diferentes, o objetivo não é de modo algum promover concorrência de quem escreve melhor e coisa e tal, afinal nossos colegas mandam muito bem quando escrevem, o real objetivo é saber qual o tema que chama mais a atenção dos nossos leitores, promover o blog entre os colegas e interagir com a galera social.
Avisamos que durante esse tempo, não haverá novas postagens no blog a não ser quinzenalmente quando postaremos parciais do concurso ou em casos extraordinários, isso para deixar em evidência durante o bimestre os textos dos colegas, então você que é seguidor do blog ou simplesmente leitor, escolha seu texto preferido, leia e deixe seu comentário, sua participação é muito importante.

Segue então os títulos e os seus respectivos autores que estarão participando desse certame por ordem alfabética:

1 - Reflexões sociológicas sobre dilemas da sociedade atual - Débora Oliveira (1ª Turma)
2 - Acessibilidade em Itabuna e Ilhéus - Edson Alves (1ª turma)
3 - Da social democracia ou o extremismo "sócio capitalista" - Humberto Rodrigo (1ª turma)
4 - Odeio pedido de perdão - Maik Oliveira (1ª turma)
5 - Isso foi um delírio - Nádia Aguiar (1ª turma)
6 - Questão de gosto não se discute - Wesley Ferreira (2ª turma)
7 - Análise sociológica do tempo - Wesley Tavares (1ª turma)

Abraço a todos!

Maik Oliveira
Coordenador de Comunicação do Centro Acadêmico de Ciências Sociais