
Recordando disto, lembrei também de uma coisa interessante que nosso professor Beto de Filosofia (Grande Professor, indiscutivelmente) dizia, uma palavra engraçada, os lampejos. Ele falava (não com essas palavras) que a filosofia era composta por lampejos, clarões que iluminavam a mente do indivíduo depois de esforços reflexivos, modificando assim a forma dos mesmos verem e entenderem o seu meio. O professor salientava até que eram reflexões tão impactantes que a escrita meio que ofuscava toda essa incandescência, ou seja, o momento em que aconteciam essas meta-reflexões se tornavam redutíveis quando transcritas ao papel devido à profundidade do pensamento.
Não só a Filosofia como todas as áreas do saber tem seus lampejos. Nós temos as nossas, e porque não levarmos esses inquietantes clarões para a sala de aula? Sou a favor da Cultura do Lampejo! Nada de ir pra sala de aula falar um monte de teorias massificantes, mostrar que a gente entende do assunto, mas não consegue fazer os estudantes entenderem. Dessa forma, estaremos reforçando o estereótipo de todas as disciplinas das ciências humanas: monótonas!!!!
Não estou dizendo que os estudantes do ensino médio são incapazes de compreenderem as teorias sociológicas, mas afirmo que eles não têm interesse, e não terão enquanto despertarmos neles essa consciência de que são seres pensantes, que eles têm autonomia para raciocinar, e que o pensamento sociológico é de fundamental importância para os mesmos enquanto seres viventes em uma sociedade.
O psicólogo bielo-russo Vygotsky atribuía ao professor o papel de apresentar ao estudante não um saber enciclopédico (ou somente a história das disciplinas), mas formas de pensamento (vulgo lampejo!) que levasse o estudante a pensar, raciocinar. Cito o psicólogo propositalmente, pois o mesmo defendia a idéia de uma formação social da mente (nome de seu principal livro), no qual o professor seria o mediador entre o conhecimento e o aluno, e o seu ambiente influenciador incisivo de sua aprendizagem.
Não transformemos nossa disciplina, tão dinâmica, tão inquietante, tão questionante, em aulas no qual os ânimos se esvaem, bocas bocejam e todos apertam o botão standy by. Nas ciências sociais há um “lampejadouro” esperando para ser explorado por nossas aptidões e competências. Vamos botar essa juventude pra queimar a muringa. Ganham todos nós em voracidade pelo irresistível conhecimento.
Texto de André Andrade
Aluno da 1ª turma de Ciências Sociais - UESC
3 comentários:
Olha ai André, vooei com seu sobrenome, quis engrossar a fila dos Oliveiras, afinal eu sou um rrsrsrs, mas o texto tá muito interessante e eu não podia deixar de postar. Esse é o objetivo, botar essa galera pra pensar, formar cidadãos críticos e isso urgentemente se possivel...estamos precisando disso na sociedade.
Um abraço
Maik Oliveira
KKKKKKKKKK, eu pensei justamente nisso quanto ao sobrenome. E a idéia do texto é essa, enchemos a boca ao dizermos que somos formadores de opiniões, mas em que sentido? Porque de nada vale as teorias se não entendermos o que ela problematiza. Formação oca gera opiniões ocas. Gostei da figura, tudo a ver, valeu Grande Maik.
André ANDRADE
Grande André, bom texto, boa reflexão e questionamento.
Abraços.
Emanuel Luz.
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